terça-feira, 17 de agosto de 2010

Prefeitura/SP retira caminhões das vias e “apagões” no trânsito aumentam



Como todos sabem (menos o prefeito), a causa do apagão diário no trânsito de São Paulo tem como causa única a gigantesca quantidade de automóveis em circulação.
O que exigiria do prefeito da capital e do governador do estado (região metropolitana) medidas ditas impopulares, no sentido de restringir a circulação de automóveis em áreas de grande concentração de fluxo.
A implantação do pedágio urbano - com a arrecadação destinada a subsidiar o transporte de ônibus - e restrições a estacionamento são medidas adotadas em cidades como Londres e Estocolmo, entre outras.
Ao invés de atuar na causa principal, a Prefeitura atuou na aparência, restringindo a circulação de caminhões, que são uns duzentos mil, no máximo, contra quatro a cinco milhões de automóveis.
A população, ingenuamente, acredita que a causa do caos diário no trânsito são os caminhões. Então, retirem-se os caminhões!
O que acontece quando são retirados os caminhões? Piora o quase “impiorável” apagão no trânsito de SP!
O melhor vem depois, no subtítulo “Filas são causadas pelo excesso de veículos, segundo a CET”. Leiam esse parágrafo:
“Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), as filas são causadas pelo excesso de veículos. Às 8h, a companhia registrou 68 km de congestionamento na cidade, o que representa 7,8% das vias monitoradas. O valor é considerado dentro da média para o horário, masé superior ao registrado na cidade nos últimos dias.”
Ou seja, o apagão está aumentando depois da retirada dos caminhões!
Não é incrível? Depois de muitos anos, diante do óbvio, somente agora a CET enxerga o verdadeiro motivo dos apagões diários: o excesso de veículos.
E o Prefeito Kassab, quando se convencerá disso e fará o que fez o Prefeito de Londres?
Quanto ao apoio popular da medida, a rejeição inicial ao pedágio não costuma durar muito. Em Londres, o prefeito Key Livingstone foi reeleito após implantar o sistema. Em Estocolmo o voto popular aprovou o pedágio provisório. A tendência é que pedestres e motoristas tenham melhores condições de locomoção, com redução nos índices de poluição e acidentes.
No caso paulista, minha proposta é que toda a arrecadação se destine a subsidiar as melhorias necessárias no transporte de ônibus, com mais corredores exclusivos e menores tarifas. Portanto, não procede argumentar que primeiro tem que melhorar o transporte público para depois criar medidas de restrição.
Numa suposição (equivocada, como mostram as grandes cidades que têm um bom padrão de transporte público) de que as pessoas se deslocam de automóvel porque o transporte público é ruim.
Se pensarmos desse jeito, o apagão no trânsito de São Paulo e outras capitais se eternizará. O que é uma crueldade com quem lá mora, trabalha ou faz turismo.
Em 2003, Londres implantou o pedágio urbano em uma área de 21 km², na região central da cidade. No início, houve muitas críticas e antipatia política, mas, atualmente, o pedágio urbano está plenamente aceito.
A prefeitura londrina arrecada anualmente cerca de R$ 350 milhões, que são integralmente investidos no transporte público da capital britânica.
Os principais resultados indicam que houve redução de 30% no tempo médio de percurso das pessoas, diminuição de 15% do número de veículos em circulação e aumento de 14% no volume de passageiros nos ônibus, além de uma perceptível melhoria na qualidade de vida da população, com menos poluições sonora e atmosférica.
Isso sim é tratar os(as) cidadão(ãs) os turistas com respeito.
José Augusto Valente - Diretor Técnico do T1
Fonte: Agencia T1

Nenhum comentário:

Postar um comentário